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Quinta e Vinhos

A Casta Vinhão

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Casta de origem minhota, o Vinhão é também conhecido como "Negrão”, "Negrão Pé de Perdiz”, "Espadeiro Preto”, "Tinto da Parada”, "Pinta Fêmea”, entre outras sinonímias.  Posteriormente migrou para o Douro, sendo aí denominado de Sousão; noutras regiões nacionais - Trás-os-Montes, Alentejo e Algarve -a sua plantação e cultivo tem sido efetuada numa lógica de curiosidade e experiência e sempre em proporções minoritárias.

Está igualmente presente em Espanha, mais concretamente na Galiza (Sousón), nas sub-regiões de DO Monterrei, Valdeorras, Rias Baixas e, em particular, no Condado do Tea e O Rosal, mais próximas da fronteira do Rio Minho. O cultivo de Vinhão extravasou já os limites territoriais da Península Ibérica, podendo ser encontrada na Austrália, Califórnia ou África do Sul, onde é, por norma, utilizada para a produção de vinhos licorosos, pese embora nos dados estatísticos surja integrada na vasta categoria das "outras castas”.

Corresponde à casta tinta mais cultivada na região do Vinho Verde, estando recomendada para toda a sua extensão, ainda que tenha maior expressão nas sub-regiões de Lima, Basto e Ave. O vale do Tâmega, com as suas grandes amplitudes térmicas e protegido da influência atlântica, é um dos terroirs privilegiados para a expressão de todo o enorme potencial desta casta.

Dá origens a vinhos de elevada acidez, vinosos, encorpados e de cor vermelha intensa, opacos à luz. Os cachos de Vinhão são de tamanho médio, assim como os seus bagos de cor negro-azulada. A cor é, na verdade, uma das suas principais características, sendo frequentemente considerada como uma casta tintureira, ainda que existam também opiniões divergentes nesta matéria. Em todo o caso, a migração para a região do Douro em finais do séc. XVIII, ter-se-á devido, entre outras propriedades, à intensidade da sua cor, convertendo-se numa casta primordial para conferir "boa cor” ao Vinho do Porto e como alternativa às bagas de sabugueiro. Para os mais tradicionalistas, o Vinhão continua a ser bebido em malgas brancas ou claras, precisamente para uma melhor apreciação da sua cor; quanto mais marca deixar ou, melhor dizendo, quanto mais "pintar”, mais qualidade terá o vinho.

O seu consumo, em vinhos mono-varietais ou mono-castas, está indissociavelmente ligado a uma gastronomia regional forte e bem característica, como a lampreia, os rojões, o arroz de cabidela e, bem a propósito das festividades populares do mês de junho, à sardinha assada. Em vinhos de lote ou blends, evidencia a sua versatilidade, apresentando-se como uma sólida alternativa para acompanhamento pratos mais leves. 

Na Quinta da Raza, o cultivo do Vinhão procura conciliar técnicas modernas e a tradição. A colheita, exclusivamente manual, é realizada no período da manhã e em pequenas caixas com capacidade máxima de 20 kg. A sua vinificação segue método tradicional, com pisa em lagares de granitos onde a fermentação alcoólica decorre a temperaturas controladas. 

São cinco os vinhos do nosso portefólio com os quais poderá deliciar-se ou, se for o caso, ficar a conhecer esta singular casta: QUINTA DA RAZA - VINHA DO CERDEIREDO, DOM DIOGO VINHÃO, TINTO NAT, PET-NAT ROSÉ e RAZA ROSÉ.

O DOM DIOGO e o TINTO NAT, mono-castas, elaborados exclusivamente a partir da casta Vinhão, são vinhos retintos, carregados, macios e secos, carregados de sabores a frutos vermelhos escuros como amoras e ameixas. A adoção do método de vinificação tradicional faz com que estejam sujeitos à apresentação de depósito. Nos dois rosés, o Vinhão emparelha-se com outras castas: no PET-NAT ROSÉ com Padeiro (outra casta nativa de Basto), originando um vinho refrescante, de bolha fina e persistente resultante do gás natural capturado do final da fermentação em garrafa, e com um paladar de framboesas silvestres e morangos; no RAZA ROSÉ, além do Padeiro, o Vinhão associa-se ao Espadeiro, propiciando um vinho fresco e crocante, ideal como aperitivo ou para acompanhar refeições leves. No QUINTA DA RAZA - VINHA DO CERDEIREDO, um vinho com dois anos de estágio pré-engarrafamento, o Vinhão junta-se a uma grande variedade de castas, que faziam parte do acervo da Quinta antes da reestruturação das vinhas, e mostra neste vinho um carácter mais evolutivo e elegante.

Parafraseando José Diogo Teixeira Coelho, proprietário e administrador da Quinta da Raza, "Um bom verde tinto vinhão é um vinho inigualável”.