Plantação da nova vinha "Raza de Baixo"
Recomeçar em 3… 2… 1…
"Obrigado! Obrigado pelas emoções e memórias que nos proporcionaste”.
Estas serão muito certamente as palavras que muitos viticultores "sussurram” às suas velhas videiras na hora de reestruturar uma vinha. Vai dar-se início a um novo ciclo com castas diferentes ou com diferentes formas de condução que têm sempre como objetivo melhorar as emoções e as memórias que as novas videiras irão partilhar connosco, durante os próximos anos.
Depois das devidas homenagens, começamos por preparar o solo. A decisão de plantar uma vinha é séria, requer estudo, planeamento, recursos financeiros, dedicação e vontade de ficar lamacento. A avaliação do terreno é efetuada através de amostras de solo e posteriores análises laboratoriais. Quando recebemos os resultados confirmamos se as caraterísticas do solo são as ótimas para a produção de uvas ou se é necessário efetuar algum tipo de correção, tal como corrigir com calcário para equilibrar o pH, aplicar azoto ou outros quaisquer nutrientes necessários. Depois de espalhados, os nutrientes são incorporados no solo pela surriba que consiste em revolver o solo e colocar a camada superficial com todos os nutrientes a cerca de um metro de profundidade. É mais ou menos a esta profundidade que estarão a maior parte das raízes e onde a videira irá buscar o seu alimento e água. A terra é depois escarificada (alisada) de modo a facilitar a plantação das videiras.
A escolha da orientação das linhas de videiras é um fator relevante na plantação de uma vinha. Proteger os cachos do sol nas horas de maior calor, contrariar a erosão e facilitar a mecanização são alguns dos aspetos mais importantes a ter em atenção. Neste caso particular a vinha ficará orientada a Sul o que fará com que, nas horas em que os raios solares são mais fortes e têm uma inclinação sul/norte, as folhas da videira protejam os cachos que estão por baixo. Felizmente é também a orientação que, neste caso, nos dá as maiores linhas, facilitando assim a mecanização. A erosão será evitada com a aplicação de um coberto vegetativo, neste caso, à base de leguminosas que para além de segurarem o solo contribuirão para um aumento da matéria orgânica e maior disponibilidade de azoto para as plantas nos primeiros anos de crescimento.
Escolhidas as castas a utilizar, neste caso Alvarinho e Azal, procederemos à sua plantação por GPS. O operador medirá com o trator as dimensões do terreno, introduzirá a orientação das linhas e o espaçamento entre as videiras no computador e, em pouco tempo, todo um novo "exército” de plantas é milimetricamente colocado no terreno.
A colocação de postes e arames será o passo seguinte. Utilizamos postes que terão cerca de 2,5m de altura pois nós gostamos de proporcionar às nossas videiras a possibilidade de produzirem uma grande área foliar que lhes permitirá, quais painéis fotovoltaicos, recolher a energia do sol transformando-a em belos cachos dourados, mas isso fica para outro artigo.